quarta-feira, 16 de junho de 2010

CARTAS DO Pe. BERALDO

Carta MCC Junho 2010 (130ª.)


“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne entregue pela vida do mundo… Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia… Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele…” (Jo 6,51.54.56).

Primeiramente quero convidar meus leitores e leitoras para comigo agradecer a Deus por haver chegado a esta centésima trigésima Carta mensal, apesar de todas as limitações pessoais. São quase onze anos de comunicação ininterrupta com milhares de irmãos e irmãs, tanto do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil (a carta foi a eles inicialmente destinada e assim continua) como de outros leitores, não só do Brasil como de outros países que a solicitam. João Paulo II chamou esse meio de comunicação pela Internet de um “novo areópago”, isto é a nova praça pública de Atenas onde o Apóstolo Paulo anunciava o “querigma”, isto é, a Boa Notícia de Jesus, morto e ressuscitado para salvação de todos ou, ainda, de um novo púlpito de onde, de maneira nova e com métodos novos, se faz ouvir a Palavra eterna do Pai. Graças, portanto, sejam dadas ao Pai, criador do homem que, com a inteligência que lhe foi dada, desenvolve esses meios admiravelmente facilitadores do relacionamento e da comunicação entre as pessoas; ao Filho, participante da aventura humana e, ao mesmo tempo, divino comunicador da mensagem do Pai, e ao Espírito Santo que lembra e ensina toda a Verdade transmitida pelo Filho, iluminando e fortalecendo os apóstolos missionários da mesma Palavra!

Para esta Carta proponho alguns pontos de reflexão sobre a grande celebração neste mês de junho, que é a festa de Corpus Christi, inspirando-nos na riqueza do nosso Documento de Aparecida (DAp) que, providencialmente, resgata o sentido, o valor, a necessidade e a urgência da Eucaristia na vida do discípulo missionário. Exceto o primeiro a título de esclarecimento e sem muitos comentários, pois os textos falam por si mesmos, apresento-lhes alguns de seus momentos sumamente importantes para a nossa vivência sacramental.

1. “Corpus Christi” ou, o Corpo de Cristo – Corpus Christi” é uma expressão da língua latina que traduzimos literalmente como o “Corpo de Cristo”. Para a nossa cultura tão distante de Deus e, sobretudo, distante da presença d’Ele no mundo, “Corpus Christi”, é substituído por mais um feriadão como tantos outros, quando se celebra alguma festa religiosa católica, por exemplo, Semana Santa ou Natal, etc.. Mas, para os católicos mais conscientes, a celebração do “Corpo de Cristo” é uma solenização externa da instituição, por Jesus, da Eucaristia, na Quinta-feira da Semana Santa, portanto durante o Tríduo Sagrado, quando não foi possível celebrá-la com o devido destaque. Então a Igreja, visando a celebrar mais solenemente o Corpo e o Sangue de Cristo, instituiu esta festa para a primeira quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade.

2. A Eucaristia na vida dos discípulos missionários. O DAp assim se expressa: “Igual às primeiras comunidades de cristãos, hoje nos reunimos assiduamente para “escutar o ensinamento dos apóstolos, viver unidos e participar do partir do pão e nas orações” (At 2,42). A comunhão da Igreja se nutre com o Pão da Palavra de Deus e com o Pão do Corpo de Cristo. A Eucaristia, participação de todos no mesmo Pão de Vida e no mesmo Cálice de Salvação, faz-nos membros do mesmo Corpo (cf. 1 Cor 10,17). Ela é a fonte e o ponto mais alto da vida cristã, sua expressão mais perfeita e o alimento da vida em comunhão. Na Eucaristia, nutrem-se as novas relações evangélicas que surgem do fato de sermos filhos e filhas do Pai e irmãos e irmãs em Cristo. A Igreja que a celebra é “casa e escola de comunhão” onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e amor a serviço da missão evangelizadora” (DAp158)..

3. A Eucaristia, lugar de encontro com Cristo. Além disso, o DAp nos mostra que na Eucaristia o discípulo encontra Jesus sempre vivo e presente na intimidade de sua vida: “A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. Há um estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo, que a existência cristã adquira verdadeiramente uma forma eucarística. Em cada Eucaristia, os cristãos celebram e assumem o mistério pascal, participando n’Ele. Portanto, os fiéis devem viver sua fé na centralidade do mistério pascal de Cristo através da Eucaristia, de maneira que toda sua vida seja cada vez mais vida eucarística. A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação cristã é, ao mesmo tempo, fonte inextinguível do impulso missionário. Ali, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido (DAp 251).

4. “A Eucaristia na vida da Comunidade Eclesial”. Às vésperas de sua morte na cruz, querendo deixar a garantia de sua permanência entre nós – como, aliás, tantas vezes durante sua vida havia prometido aos discípulos – Jesus se deixa ficar conosco, com sua Igreja, entregando-nos o seu Corpo e o seu Sangue. Corpo e Sangue de Cristo com os quais podemos nos alimentar todos os dias, se assim o quisermos, sobretudo na participação ativa da Santa Missa. Entretanto, a Eucaristia não é somente um alimento de cada católico, individualmente, mas é um alimento para a vida de toda a comunidade eclesial. Nenhuma explicação melhor e mais oportuna para confirmar esta afirmação do que a que foi dada pelos Bispos da América Latina no Documento de Aparecida: “Igual às primeiras comunidades de cristãos, hoje nos reunimos assiduamente para “escutar o ensinamento dos apóstolos, viver unidos e participar do partir do pão e nas orações” (At 2,42). A comunhão da Igreja se nutre com o Pão da Palavra de Deus e com o Pão do Corpo de Cristo. A Eucaristia, participação de todos no mesmo Pão de Vida e no mesmo Cálice de Salvação, faz-nos membros do mesmo Corpo (cf. 1 Cor 10,17). Ela é a fonte e o ponto mais alto da vida cristã, sua expressão mais perfeita e o alimento da vida em comunhão. Na Eucaristia, nutrem-se as novas relações evangélicas que surgem do fato de sermos filhos e filhas do Pai e irmãos e irmãs em Cristo. A Igreja que a celebra é “casa e escola de comunhão” onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e amor a serviço da missão evangelizadora” (DAp 158).

5. A Eucaristia na missão dos discípulos missionários a serviço da vida plena (DAp 354). A meu ver, este parágrafo do DAP, sobretudo na citação final, é de uma oportunidade e e de uma urgência sem paralelo para nós, os cristãos da América Latina: “Em sua palavra e em todos os sacramentos Jesus nos oferece um alimento para o caminho. A Eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome de vida e de felicidade: “Aquele que come de mim, viverá” (Jo 6,57). Nesse banquete feliz participamos da vida eterna e, assim, nossa existência cotidiana se converte em uma Missa prolongada. Mas todos os dons de Deus requerem uma disposição adequada para que possam produzir frutos de mudança. Especialmente, nos exigem um espírito comunitário, que abramos os olhos para reconhecê-lo e servi-lo nos mais pobres: “No mais humilde encontramos o próprio Jesus”. Por isso, São João Crisóstomo exortava: “Querem em verdade honrar o corpo de Cristo? Não consintam que esteja nu. Não o honrem no templo com mantos de seda enquanto fora o deixam passar frio e nudez” (DAp 354).

Desejando a todos, leitores e leitoras, uma intensa e profunda vivência eucarística no cotidiano de suas vidas, deixo-lhes meu carinhoso abraço fraterno.

Pe. José Gilberto Beraldo

Assessor Eclesiástico Nacional

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