Segundo a tradição cristã os Reis Magos eram Gaspar, Belchior e Baltazar, e os presentes simbolizam, respectivamente, a realeza, a divindade e a paixão de Cristo.
Não se sabe sua origem, mas reza a lenda que um dos Reis era negro africano, o outro branco europeu e o terceiro moreno (assírio ou persa), representando a humanidade conhecida da época.
Em muitos países, a troca de presentes é feita neste dia, e não no Natal.
No Brasil, o rico folclore mantém viva a tradição. Por todo o litoral e o interior brasileiro, com todas as suas variantes regionais, se comemora o dia 6 de janeiro em festas como o Terno de Reis, Folia de Reis ou Santos Reis.
Das figuras bíblicas mais intimamente ligadas à tradição religiosa do povo destacam-se os Reis Magos, ou melhor, os Santos Reis uma vez que a hagiologia romana considera-os bem aventurados.
O simbolismo dos Reis Magos é amplo e emprestam-lhes os exegetas as mais diversas interpretações. Estão ligados intimamente às festas do Natal e deles nasceu, praticamente, a tradição do Papai Noel, pois os presentes dados nessa ocasião reproduzem que os magos do Oriente, depois de cumprida a rota que lhes indicava a estrela de Belém, prestaram a Jesus na gruta onde ele nascera.
Reis Magos
As referências bíblicas são vagas e o episódio quase passa despercebido dos evangelistas, mas as contribuições da tradição patriática são muitas e, como elas têm força de fé e verdade, nelas devemos buscar grande parte das coisas que se contam dos santos Belchior, Gaspar e Baltazar já referidos pelos profetas do Velho Testamento, que vaticinavam a homenagem dos Reis ao humilde filho de Davi que deveria nascer em Belém.
De onde vieram e o que buscavam, pouca gente sabe. Vinham do Oriente e Baltazar, o mago negro talvez viesse de Sabá (terra misteriosa que seria o sul da Península Arábica ou, como querem os etíopes, a Abissínia). Simbolizam também as três unicas raças bíblicas, isso é, os semitas, jafetitas e camitas. Uma homenagem, pois, de todos os homens da Terra ao Rei dos Reis.
Eram magos, isto é, astrólogos e não feiticeiros. Naquele tempo a palavra mago tinha esse sentido, confundindo-se também com os termos sábio e filósofo.
Eles prescrutavam o firmamento e sentiram-se chocados com a presença de um novo astro e, cada um deles, deixando suas terras depois de consultar seus pergaminhos e papiros cheios de palavras mágicas e fórmulas secretas, teve a revelação de que havia nascido o novo Rei de Judá e, que ele, como soberano, deveria, também, prestar seu preito ao menino que seria o monarca de todos os povos, embora o seu Reino não fosse deste mundo.
O simbolismo dos presentes
Conta ainda a tradição que, ao chegar a Canaã, indagaram os Magos onde havia nascido o novo Rei de Judá. Essa pergunta preocupou Herodes, que hoje seria considerado um quisting a serviço dos romanos, e que reinava na Judéia.
Os representantes do Império preocupavam-se com o aparecimento de um novo lider do povo de Israel. A revolta dos macabeus ainda não fora esquecida e o povo oprimido esperava, ansioso, pela vinda do Messias que iria libertar o Povo de Deus e cumprir a palavra do salmista: "Disse o Senhor ao meu Senhor senta-te à minha direita até que ponho os teus amigos como escarbelo aos teus pés".
Os magos procuram conforme conselho de Herodes o novo Rei para render-lhe homenagem e para informar o representante romano do lugar onde nascera o Messias a fim de, com falso preito, sequestrá-lo.
No presépio encontramos apenas os animais e os pastores e, inspirados pelo Espírito Santo, curvaram-se diante do filho do carpinteiro de Nazaré e depositaram, ao pé da manjedoura que lhe servia de berço, os presentes: ouro, incenso e mirra, isto é prendas que simbolizavam a realeza, a divindade e a imortalidade do novo Rei, e grão de areia que cresceria e derrubaria o ídolo de pés de barro (simbolo das grandes potências que se sucederam no domínio do mundo), do sonho de Nabucodonosor decifrado pelo profeta Daniel.
Símbolos da humildade
Na tradição cristã os três Reis Magos simbolizavam os poderosos que deveriam curvar-se diante dos humildes na repetição real do canto da Virgem Maria à sua prima Isabel, e "Magnificat", pois sua alma rejubilava-se no Senhor, que exaltaria os pequenos de Israel e humilharia os poderosos.
A igreja cultua os Reis Magos dentro desse simbolismo. Representam os tronos, os potentados, os senhores da Terra que se curvara diante de Cristo, reconhecendo-lhe a divina realeza. É a busca dos poderosos que vêem em Belchior, Gaspar e Baltazar o exemplo de submissão aos designios de Deus e que devem, como os magos, despojar-se de seus bens e depositá-los aos pés dos demais seres humanos, partilhando sua fortuna como dignos despenseiros de Deus.
Os presentes de Natal também têm esse sentido. São as ofertas dos adultos à criança que com a sua pureza representa Jesus. Alguns, dão a essas festas um sentido mitológico pagão, buscando nas cerimônias dos druidas, dos germânicos ou saturnais romanas a pompa das festas natalinas que culminam com a Epifania.
Hoje, o Santos Reis já não são lembrados. O presépio praticamente não existe e só neles é que podemos ver os Magos de Oriente apresentados. A árvore de Natal, pinheiro que os druidas e os feutos enfeitavam para o inverno, substituíria a representação do nascimento de Jesus, introduzida no costume dos povos por São Francisco de Assis.
A festa da Epifania, dia de guarda no calendário litúrgico, já não mais é respeitada e com ela desaparecerem outras tradições da nossa gente, trazidas pelos nossos antepassados, como a folia de Reis, Reizados e tantos outros autos folclóricos, cultuados em poucas regiões do país.
PAPA BENTO XVI e o DIA DE REIS
A Igreja assinala hoje a Solenidade da Epifania, palavra de origem grega que significa "manifestação". Esta festa comemora a manifestação de Jesus aos reis magos do Oriente.
A solenidade da Epifania foi hoje celebrada no Vaticano, numa missa a que presidiu Bento XVI. Na sua homilia, o Papa estabeleceu uma ponte entre o rei Herodes e o homem moderno.
Bento XVI faz ponte entre Herodes e o homem moderno
“Herodes é um personagem que não nos é simpático e instintivamente o julgamos de modo negativo pela sua brutalidade. Mas devemos interrogar-nos: não há qualquer coisa de Herodes também em nós? Não será que também somos cegos aos seus sinais, surdos às suas palavras, porque pensamos que põem limites à nossa vida e não nos permite dispor da existência como nos apetece? Caros irmãos e irmãs, quando vemos Deus desta maneira, acabamos por nos sentir insatisfeitos e descontentes, porque não nos deixamos guiar por aquele que é amor e está no fundamento de todas as coisas”, avisou Bento XVI.
Espanhóis para hoje para festejar
Os espanhóis continuam fiéis ao dia de Reis, dia em que trocam presentes e reúnem a família. A noite foi de festa, que continua pelo dia fora, já que é feriado em Espanha.
“É uma maravilha. Cantar e beber e dançar, é como são os Reis. Têm de ser alegres, por que são reis!”, diz uma galega em comentário à Renascença.
É uma festa sobretudo familiar, na qual os mais pequenos recebem presentes deixados, segundo acreditam, pelos reis magos durante a madrugada. Por todo o país ocorrem desfiles com reis magos, que lançam balões e doces para as crianças.
Dia de Reis é soberano em Espanha
A gastronomia também desempenha um papel muito importante nestas festas, sobretudo o almoço de dia seis, onde se reúnem amigos para comer enchidos e outras iguarias.
Apesar de não se dar tanta importância, em Portugal também existem várias tradições ligadas ao dia de Reis, começando naturalmente pelo Bolo-rei, que sobrevive passados cem anos sobre à data em que se tentou rebaptizá-lo "Bolo-república".
Em várias localidades começou-se ontem a cantar os reis, uma tradição que se prolonga até 20 de Janeiro.