quinta-feira, 3 de maio de 2012

Carta MCC Brasil – Mai 2012 (153ª.)

"Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas não sois capazes de compreender agora.
Quando ele vier, o Espírito da Verdade vos guiará em toda a verdade.
Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido e
vos anunciará o que há de vir" (Jo 16, 12-13).





Amados do Pai, irmãos e irmãs, discípulos missionários pela presença e ação do Espírito Santo, minha saudação fraterna:

Neste mês, precisamente no dia 27, celebraremos o acontecimento fundante da Igreja, isto é, o Pentecostes, ou seja, a vinda pública e solene da plenitude do Espírito Santo sobre aquela primeira comunidade dos apóstolos reunidos no Cenáculo juntamente com Maria. Também uma feliz coincidência neste mês que, conforme a tradição, a Igreja dedica ao culto da Mãe da Igreja, Maria.

Para nos ajudar na presente reflexão, creio nada mais oportuno do que um precioso texto muito atual (30.09.2010) proposto pelo Papa Bento XVI na “Exortação Apostólica pós-sinodal, a Verbum Domini (VD) sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja”. Ali se nos lembra de como o Espírito Santo relaciona-se radicalmente com a Palavra de Deus Pai, Palavra que é o próprio Jesus. (VD 15-16).

Além dessa necessária lembrança, outro importante documento já tantas e tantas vezes por nós aqui lembrado, o Documento de Aparecida (DAp), quase que como um desafio à Igreja, em duas oportunidades usa a expressão “novo Pentecostes”(DAp 362,548). Trata-se, sim, de um verdadeiro desafio, pois a Igreja Católica hoje, como nos primeiros dias, num momento de radical e acelerada mudança de época, está urgentemente necessitada, tanto de ardorosos e destemidos discípulos missionários como, sobretudo, de uma nova infusão do Espírito Santo. Uma nova descida do Paráclito que se faz tanto mais necessária quanto sabemos que as respostas da Igreja a essa nossa realidade social, econômica e, até, religiosa nem sempre são as mais atualizadas ou adequadas e compreensíveis aos homens e mulheres desta geração que, mesmo parecendo tão distantes dos critérios e valores do Evangelho, estão ansiosos por um encontro pessoal com o Deus da vida!

1. A Palavra de Deus e o Espírito Santo. Depois de haver tratado de maneira indiscutivelmente original de “Jesus Cristo, Palavra definitiva de Deus” a VD “recorda agora a missão do Espírito Santo relativamente à Palavra divina”. Essa missão é lembrada em dois pontos sobre os quais passamos a refletir.

a) “A missão do Espírito Santo relativamente à Palavra divina” (VD 15). Aqui a VD descreve ou relembra a presença e ação do Espirito Santo em todo o processo da história da nossa salvação: “De fato, não é possível uma compreensão autêntica da revelação cristã fora da ação do Paráclito”. E para nos fazer “compreender melhor a comunicação que Deus faz de Si mesmo” mostra-nos a relação existente entre o Filho e o Espírito Santo citando Irineu de Lião que a essa relação chama de “as duas mãos do Pai”. No decorrer de sua vida Jesus não cessa de referir-se ao Espírito Santo, sobretudo para testemunhar sua própria missão e para garantir aos discípulos a presença do Paráclito. E mais: “...a Palavra de Deus exprime-se em palavras humanas graças à obra do Espírito Santo. A missão do Filho e a do Espirito Santo são inseparáveis e constituem uma única economia da salvação”. Finalmente, vem a mensagem para toda a Igreja e para cada um de nós, discípulos missionários: “O mesmo Espírito, que atua na encarnação do Verbo no seio da Virgem Maria, guia Jesus al longo de toda a sua missão e é prometido aos discípulos. O mesmo Espírito que falou por meio dos profetas, sustenta e inspira a Igreja no dever de anunciar a Palavra de Deus e na pregação dos Apóstolos...”. Aqui temos que nos fazer, a nós mesmos, uma pergunta decisiva: estamos sempre atentos à voz do Espírito que nos sussurra a Palavra do Pai?

b). “Importância da ação do Espirito Santo na vida da Igreja e no coração dos fiéis relativamente à Sagrada Escritura” (VD 16). Nesse ponto a VD enfatiza a imperiosa necessidade da presença e da ação do Espírito Santo ao se tratar da vivência da Sagrada Escritura: “Tal como a Palavra de Deus vem até nós no corpo de Cristo, no corpo eucarístico e no corpo das Escrituras por meio do Espírito Santo, assim também só pode ser acolhida e compreendida verdadeiramente graças ao mesmo Espírito”. Esse ponto termina, trazendo o testemunho dos “grandes escritores da tradição cristã sobre o papel do Espírito Santo na relação que os fieis devem ter com as Escrituras”. Como mais uma forma de pergunta, deixo para nossa reflexão a última citação da VD nesse ponto: “Ricardo de São Vítor recorda que são necessários ‘olhos de pomba’, iluminados e instruídos pelo Espírito para compreender o texto sagrado”. Pergunta: que olhos temos quando lemos e rezamos a Palavra de Deus?

2. “Esperamos um novo Pentecostes... esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança” (DAp 362). Em alguns parágrafos do DAp encontramos essas e outras expressões referentes a um “novo Pentecostes” dirigidas à Igreja. Mas não será que, até subconscientemente, ao ler “Igreja” pensamos unicamente na hierarquia: Papa, Bispos, Sacerdotes e outros agentes de pastoral? Será que agimos assim, para nos eximir de nossas responsabilidades como pessoas batizadas, confirmadas na crisma com o dom especial do Espírito Santo? Ou, então, é às nossas associações, comunidades ou aos movimentos eclesiais que queremos atribuir tais responsabilidades? Eis algumas referências a um “novo Pentecostes”, que devem chamar nossa atenção, provocando e acentuando nosso compromisso evangelizador:

a) "A Igreja necessita de uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença... Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança” (DAp 362).

b) “Não podemos deixar de aproveitar esta hora de graça. Necessitamos de um novo Pentecostes! (DAp 548).

c) “Esta firme decisão missionária deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja. Nenhuma comunidade deve se isentar de entrar decididamente, com todas suas forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (DAp 365).

3. A presença da Mãe Maria no “Novo Pentecostes” que a Igreja necessita. Neste mês de Pentecostes, coincidentemente também dedicado a uma especial devoção a Maria, não poderíamos deixar de lembrar sua presença junto aos apóstolos e discípulos no primeiro Pentecostes bem como sua contínua presença na Igreja em todos os momentos do Espírito Santo (cf.VD 15; 27-28). Aliás, o DAp, entre tantos outros parágrafos lembrando Maria, o faz ao citar o acontecimento de Guadalupe: “Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. Ela, da mesma forma como deu à luz ao Salvador do mundo, trouxe o Evangelho a nossa América. No acontecimento em Guadalupe, presidiu junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito” (DAp 269). Outra lembrança de autor desconhecido: “É muitíssimo significativo que a Igreja tenha iniciado o seu caminho no dia de Pentecostes, quando os discípulos e as santas mulheres estavam reunidos – em união de corações e de preces – com Maria, a Mãe de Jesus (At 1, 14). São Lucas, o evangelista que melhor captou o papel de Maria no começo da vida do Redentor, na infância, é o mesmo que nos Atos dos Apóstolos sublinha a presença central de Nossa Senhora no começo da vida da Igreja, mostrando que a Igreja recebeu o Espírito Santo – a sua alma divina – estando aglutinada como uma família em volta da Virgem Santíssima”.

A todos meu carinhoso abraço fraterno com votos de uma nova presença do Espírito Santo na vida de cada um e de cada uma e na ação evangelizadora dos nossos Movimentos eclesiais com especial atenção à fidelidade ao carisma original do nosso querido Movimento de Cursilhos no Brasil que é o de levar critérios e valores do Evangelho aos ambientes, por meio de “pequenas comunidades de fé” ou “núcleos de cristãos”, como reza a definição do próprio MCC.

O servidor, irmão na fé e na caridade do Senhor Jesus Cristo,














Pe. José Gilberto Beraldo
jberaldo79@gmail.com





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